Primeiro, inaugurou-se o Centro de Interpretação da Duna da Cresmina. Mais tarde, há cerca de um mês, inaugurou-se cafetaria do Centro de Interpretação da Duna da Cresmina, que tem uma vista tão boa sobre o Guincho – e sobre a própria Duna da Cresmina – que eu diria que faz falta um Centro de Interpretação da Esplanada da Cafetaria do Centro de Interpretação da Duna da Cresmina.
Fica na parte superior da própria duna, na estrada que vai da Areia para o Guincho, ali mais ao menos a meio. Quem vem da Areia, passa o parque de campismo e uma centena de metros à sua esquerda terá então oportunidade de interpretar a duna, mas sobretudo de interpretar a cafetaria.
Cafetaria essa que eu ainda não conheço para além de um café, portanto ainda não posso interpretar o que sai daquela cozinha. Mas a vista é soberba, sim. E a tranquilidade é como… se estivéssemos no meio de uma duna. Talvez seja um bocado ventoso. Já se sabe que se as Corridas de Ascot fossem no Guincho, as madames não podiam levar os seus belos chapéus. Mas a verdade é que se não houvesse vento, também não havia duna, não havendo duna não havia centro de interpretação, não havendo centro de interpretação não havia cafetaria, não havendo cafetaria não havia esplanada. Era uma pena.
Bom, mas não nos ficaria bem falarmos apenas da cafetaria e da esplanada. Afinal de contas, foi o centro de interpretação de uma duna que nos levou ali. Merece então, naturalmente, toda a nossa atenção. Os mais curiosos podem mesmo ficar a conhecer a fauna e a flora daquela região. Claro que o mesmo objectivo pode ser alcançado num dia de muito vento, parando o carro ali ao pé do Muchaxo e abrindo o vidro. A duna da Cresmina entra-nos praticamente inteira pelo habitáculo.
Mas é sempre mais saudável e agradável conhecer os belíssimos percursos que partem do centro de interpretação. São caminhos em deck, que nos levam pela duna sem darmos cabo dela. Ou melhor, uma moto4 seria mais dramático.
Se chegados a este ponto, ainda só tem interesse na cafetaria – como era o meu caso no início destas linhas – e não consegue perceber como e por que é que se interpreta uma duna, pois fique sabendo que aquelas areias provenientes da praia do Guincho retornam ao mar mais a sul, entre Oitavos e Guia. Ou seja, trepam ali pela praia do Guincho, voam baixinho sobre a plataforma rochosa do Cabo Raso e regressam ao mar mais adiante. É o chamado corredor eólico dunar Cresmina-Oitavos.
Claro que isto para nós até é tudo lindo e impressionante, pois somos muito pequenos, mas à escala planetária trata-se apenas de um local onde é muito difícil limpar o pó, porque limpa-se de um lado e ele aparece pelo outro. Uma maçada planetária mas um espectáculo magnífico para nós.
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