Em Maio escrevi um post – esta beleza aqui – sobre o lixo numa praia da linha de Cascais, mais concretamente na Praia da Poça. Na altura, após aturada investigação, descobri que só a partir do dia 1 de Junho eram colocados os tradicionais caixotes de lixo à saída – ou à entrada – da praia. Tive então receio de estar a ser injusto, embora uma comunidade não deva aceitar jamais lixo acumulado.
Acontece que não estava a ser injusto, antes pelo contrário. Em pleno Agosto, o cenário no mesmo local é o que a imagem em cima documenta.
Catita, não? Lixo no mar, de madrugada, quando a cadela me vai passear, eu ainda apanho. Mas pacotes de iogurte, sacos com açúcar de bolas de Berlim, cascas de banana e quejandos já me causam um pouco mais espécie. Limito-me, portanto, a tirar fotografias, até para que os turistas à volta pensem que se trata de uma instalação artística e comecem também eles a tirar fotografias ao lixo.
Culpados? Desde logo, os responsáveis pelo lixo da cidade, claro. Depois, todos os que têm responsabilidades políticas ou de direcção na cidade e na freguesia. Ninguém passou por ali? Ninguém viu aquilo? Não há um presidente, um vice-presidente, um vogal, ou até um director – pá, uma pessoa qualquer que veja isto – e que mande ou que proponha colocar outro caixote ao lado deste, uma vez que é notória a necessidade? Ou então a carrinha da recolha tem de passar mais vezes. Eu sei lá. Qualquer coisa.
Há mais culpados, porém. Lá pelo poder cair assiduamente nas mãos dos incompetentes, isso não significa que temos de ir todos atrás. Quando um caixote está cheio e nenhuma autoridade deu ainda conta de que se trata de um sítio de grande passagem e confluência de humanos carregados de porcaria, devemos então, lamentavelmente, procurar outro caixote. Isto de fazer Tetris com o lixo não é elegante, para além de se estar a fazer a vontade aos governantes, pelo menos aos que precisam que se mantenham os níveis de lixo na sociedade para que continuem a ser reeleitos.
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